Governo proíbe demolição de escola na cidade de Japaratinga

Prefeitura pretendia derrubar parte do prédio para ampliar rua; comunidade escolar se mostrou contra

Construída há 77 anos e localizada na principal rua do município de Japaratinga, parte da estrutura da Escola Estadual Dom Eliseu Maria Gomes de Oliveira pode estar com os dias contados. Isso, segundo informações do prefeito Junior Loureiro (PMDB), em decorrência de um projeto de infraestrutura da Prefeitura, que pretende demolir salas para abrir espaço e ampliar o acesso à Rua Noé da Rocha Calaça, que pertence ao loteamento Expedito Cavalcante, localizado por trás da instituição de ensino. A notícia pegou os moradores de surpresa e deixou a comunidade escolar indignada. 

De acordo com a diretora da escola, Maria José Pereira dos Santos o comunicado "oficial" da demolição das salas surgiu nessa sexta-feira (14), quando representantes da prefeitura procuraram a escola.

"Pelo que entendi, pretendiam fazer a obra sem aviso prévio e já tinha data de inauguração da rua, que seria no dia 23 de julho. E ainda acharam que íamos aceitar calados. Nossa escola já é pequena para atender a demanda dos três turnos e ainda querem tirar as nossas salas. Não vamos aceitar. O loteamento chegou depois. Tem apenas 15 anos", disse Maria José.

Com o projeto de infraestrutura da Prefeitura de Japaratinga, quatro salas, sendo uma de aula, a dos professores, a da direção e o laboratório de informática, além do espaço de recreação dos alunos podem ser demolidos.

"Atualmente, a escola funciona nos três horários e atende a mais de 350 alunos. Com a demolição, não temos como comportar os alunos. Por isso, só vamos desocupar o prédio quando a Prefeitura garantir uma nova estrutura. Só desocupamos quando tivermos uma escola nova. Não podemos sair sem nenhuma garantia", acrescentou a diretora. 

Devido à polêmica, na sexta um grupo de pais, estudantes, professores e funcionários se reuniram em uma audiência pública com o prefeito Junior Loureiro e representantes da Secretaria Municipal de Obras para definir uma solução.

"Na audiência pública, entramos em um acordo. Nós vamos construir um primeiro andar no terreno da escola, que até oferece mais espaço para a escola, e só depois vamos abrir espaço para a rua", disse o prefeito Junior Loureiro. 

Ainda de acordo com o gestor municipal, a obra está alçada entre R$ 40 a 50 mil. "Pretendemos dar continuidade ao projeto ainda este ano. Dá para a prefeitura pagar de forma parcelada, sem esperar pelo governo, porque nós sabemos que o governador tem inúmeras demandas", concluiu. 

 

Por ser uma Escola Estadual, a Prefeitura precisa de autorização do Governo do Estado por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc). A reportagem entrou em contato com a Seduc e foi informada que a "prefeitura não tem autonomia para demolir sem autorização" e que "não recebeu nenhum ofício com a solicitação para demolir as salas".

Diante dos comentários, a equipe dos setores de engenharia e pedagógico da Seduc foi ao local para conversar com a comunidade escolar e com a prefeitura. Questionado pela reportagem sobre a situação, o governador Renan Filho disse que foi procurado pelo município, que solicitou a demolição de uma sala de aula para executar a obra. "A prefeitura argumentou, naquela ocasião, que tal intervenção na estrutura física da unidade de ensino não produziria qualquer problema", disse.

Entretanto, como a comunidade escolar sentiu-se incomodada com a possível demolição, o governador afirmou que não vai permitir qualquer alteração no prédio da Escola Estadual. "Não vai dar para atender a demanda da prefeitura nesse caso, porque a comunidade escolar não concorda", afirmou o governador.

Mesmo assim, na segunda-feira (17), uma nova reunião deve acontecer. Desta vez, entre a direção da escola e engenheiros contratados pelo município para o início de um novo projeto para a Escola.

 

Fonte: gazetaweb.com

 

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